Por Hamilton Felix Nobrega
Há anos me questiono qual o motivo que leva cidadãos comuns a desejarem atuar em um cargo político. Sempre acreditei que tratava-se de uma escolha pessoal a serviço do país e da sociedade, mas infelizmente o que vemos são comportamentos e atitudes cada vez mais desrespeitosos e anti-éticos para com a sociedade, de pessoas que ao invés de buscarem agir em prol do benefício de todos, lutam apenas em favor de seus próprios interesses. E o mais absurdo é que vemos indivíduos despreparados se candidatarem como se estivessem participando de um concurso qualquer, tratando a política que é algo que exige muita retidão, como se fosse uma verdadeira patuscada.
Na verdade, o que a política deveria alcançar pela ação dos políticos, em cada situação, deveriam ser as prioridades do grupo maior, nesse caso a sociedade. A atividade política só se justifica se o político tiver espírito republicano, ou seja, se suas ações forem dirigidas para o bem público, que não é fácil definir, mas que é preciso sempre buscar.
Ocorre que o que vemos atualmente é uma crise política sem fim e sem precedentes, que sugere algumas reflexões sobre o problema da ética na política. Quem a exerce deve assumir responsabilidades só compatíveis com grandes qualidades morais e de competência. Infelizmente vemos alguns indivíduos que tratam a política como profissão e forma de ascenção financeira e profissional, sem nenhuma competência se quer administrativa para tal pelito. Em casos mais bizarros, ex-cantores, ex-atores, ex-comediantes, dentre outros tipos mais exóticos.
A meu ver, estar em cargo político não deve, tampouco pode ser encarado como profissão, porque trata-se de uma atividade pública e transitória. Se assim fosse, deveria ser exigida todas as qualificações necessárias ao exercício da função. Outro ponto importante a ser levantado é a questão salarial. É fato que a maior parte desses representantes da sociedade são, na verdade, representantes de si mesmos, pois buscam privilégios, além de enriquecer ou aumentar seus patrimônios com o dinheiro público, criando ou ajustando leis que elevam seus próprios salários. E o pior, em valores totalmente fora da realidade econômica do país.
Na verdade, eu acreditei que para ser político era preciso ser uma pessoa ética, com valores morais e sociais, que buscasse os interesses da sociedade em detrimento dos seus próprios, que elaborasse leis que pudesse de alguma forma transformar a sociedade, que legislasse com a verdade, que não se preocupasse apenas em dar esmolas aos pobres nomeando-as de "bolsa', mas sim, que criasse oportunidades, através de leis mais justas, que buscasse m a igualdade social. Que não desse o peixe, mas que ensinasse e criasse oportunidades para pescá-los.
Mas, apesar da importância deste assunto, são poucos os interessados, pois, a maioria foge do tema política, sem saber que agindo dessa forma, acabam fortalecendo ainda mais a corrupção e os livres desatinos que vemos sendo praticados constantemente em nosso país. Principalmente por indivíduos que enchem o peito para dizerem que sua profissão é ser político. Esses são carreiristas. E vão sempre estar ao seu próprio favor.
Parafraseando Arnold Toynbee, o maior castigo para aqueles que não se interessam por políticas, é que serão governados por aqueles que se interessam".
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